terça-feira, 20 de abril de 2010

Sede


Ele levanta vai a cozinha e vê seu pai e mãe bebendo água. Logo nota que não tem água para ele beber. Ahh fazer o que ele pensa. Então segue seu dia normalmente, sai na rua, e encontra um casal do outro lado da rua dividindo uma garrafa de água, a satisfação dos amantes era radiante, ao olhar aquilo ele sente e sabe que precisa tomar água. Fica desesperado e corre pela cidade. Louco e sem rumo enxerga por todos lados pessoas tomando água, alias, não só pessoas até mesmo um cão sarnento, com as costelas aparecendo de tão magro bebia em uma poça.
O infeliz já não sabia mais o que fazer, sua boca já estava seca, os lábio quebrados, seu pensamento era único: água, água e água.
Quando o suicídio lhe parece uma escapatória, ele descobre que deve esquecer a desejada água, mesmo sem nunca ter conhecido o sabor e a textura em sua boca.
Para esquecer a obsessão, compra uma passagem de avião para a praia mais linda que se lembrara. Dinheiro não foi problema, pois, não tinha valor algum para o dito. O sossego foi curto, porque nos primeiros minutos na beira da praia ele já invejava os casais bebendo água. E o pior agora a água era de coco. Não adiantava, por onde fosse teria gente deliciando-se com água, o liquido vital.
O homem já totalmente desiludido fecha os olhos e penso consigo: se não beber água uma única vez, não terá valido a pena viver.
Com o objetivo de vida sendo água, o cara agora procura a fonte dele pelos quatro cantos do mundo. Quando achar, se achar, matará sua sede com a água que for, sendo mineral, da chuva, da “Corsan” ou do “Sanep”.



Leonardo Guedes Duarte

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Interessante, fazendo um paradoxo com o texto, penso nas pessoas mais miseráveis do mundo, aquelas que vivem abaixo da linha da pobreza. Esses esquecidos pelo mundo anseiam tambem como o personagem do texto por um copo de água pura, límpida e fresca. Mas o diferencial entre os dois mundos é que o personagem tem recursos para saciar a hora que quiser sua sede. Já aqueles pobres mortais sofrem fragelados pela fome, sem oportunidades de ver o mundo, nascem cedo e morrem cedo, muitos as vezes se quer nascem.
    E você tem fome de que? Eu tenho fome de igualdade social, fome de dignidade humana, todos tem direito a vida e a manutenção dela é dever de todos.
    Um abraço ao escritor!!!

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