segunda-feira, 12 de julho de 2010

Marcas


Tive um professor, não me lembro em que série, que dizia adorar ler livros usados. Livros com "orelhas", com manchas e com anotações dos antigos leitores. Ele afirmava gostar pois, podia imaginar os pensamentos dos leitores que o antecederam. Seguindo esta lógica pensei em outras coisas da vida.
Todo mundo sabe que a calça de brim o quanto mais surrada melhor. Parece que ela se molda ao nosso corpo. Aquela calça desbotada e desfiada. Nada como olhar para uma calça antiga e recordar onde esteve. Ahh! usei essa naquele dia, bah...
Se você olhar agora para seu quarto, sala ou onde estiveres. E está bagunçado ai, é sinal que há vida. É mais ou menos assim: uma casa toda arrumada, é uma simples e fria construção. Uma casa com jaqueta jogada no sofá, tv ligada, mate já lavado na mesa, é um lar.
O mesmo acontece com as cicatrizes e rugas. Marcas que denunciam o que a pessoa viveu, sentiu. Sempre fui contra as plásticas. Elas camuflam as alegrias e dores que ficam marcados através do sorriso e do "franzir a testa".

A pia está entulhada de louça suja? Mas a barriga está cheia né?
A pia está brilhando, o bombril bem sequinho. E a barriga? Roncando


Leonardo Guedes Duarte

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